Seus olhos são a chave de entrada para seu mundinho particular.
São espelhos refletindo uma realidade paralela construída sobre areia movediça.
Têm tanto mistério, parecem esconder o fruto proibido.
Ele me fita e eu gravo.
Tentativa falha de mapear sua íris.
Cravo-me na escuridão de suas pupilas e fico aqui, assistindo-o enquanto assume meu controle.
Seu riso debochado parece sempre saber algo a mais.
Seu cheiro é suave e envolvente.
Seu toque é premeditado.
Nunca dá ponto sem nó.
Mas não amarra.
Tampouco se prende.
Tem uma mania insuportável de levar a mão à cabeleira negra para iniciar uma prosa.
Ou mesmo quando não há nada a ser dito.
Verdadeira perdição que atiça meu íntimo desejo.
Eu queria ficar, mas ele só me dá motivos para partir.
Acho que é amor, ele jura que não passa de paixão.
Sou sol de verão, ele lua de inverno.
Sou mar quebrando em ondas violentas a orla da praia, ele rio de águas rasas que tentei mergulhar fundo.
Faço amor, ele faz jogos.
Ele é romance, sou ficção.
E eu só queria ser seu par...