Eu não sei nadar | A Ilha secreta Pular para o conteúdo principal
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Eu não sei nadar

Versificando Metaforicamente Amor 0

Cair no erro tem se tornado um ciclo vicioso pra mim.

Erro com as pessoas, com a vida, comigo, com meu vizinho, com você (principalmente) e até na receita de bolo de fubá da vovó que já sei de cor. Eu tento, sabe? Fazer com que as coisas dêem sempre certo. Me entrego completamente sem medir esforços mesmo quando estou prestes a cair do precipício. É a minha teimosia em achar que posso converter a gravidade a meu favor. Não posso, por isso sempre acabo por espatifar no chão depois de uma queda violenta.

E quando estou aqui, caída, sozinha e desconfigurada com as feridas expostas, é que me lembro do quão humana e frágil sou. Minha armadura de ferro se desmancha por completo e, feita de ossos e pele, me odeio por todo esse perfeccionismo que carrego em mim. Esse defeito que me conduz ao erro em vez de me ajudar a poli-los.

Então finalmente, quando consigo me levantar, penso que já vivi a experiência suficiente e que desta vez toda a natureza conspirará a meu favor e me dará asas para me jogar novamente do alto. E logo me vejo aqui abandonada neste mesmo lugar frio. Entrando em caos, me perguntando qual o real significado de viver errando ciclicamente assim.

Me disseram certa vez (e eu acreditei!) que essa era a arte de viver: “errar para aprender, cair para se reerguer”. Não consigo enxergar a arte, apenas a desgraça que minhas escolhas me levam. Pode ser que me falta aquele dom, aquele olhar mágico para ver o feio como belo. Pode ser que eu tenha que aprender a aceitar a realidade como ela é. Crua e sem sentido.

Eu queria pensar em você apenas como mais uma de minhas experiências românticas mal vividas. Um caso patético de amor a ser contado num boteco qualquer.

Entretanto, não consigo te relevar, permanecer alheia a tudo que vivemos. Me questiono constantemente onde errei de fato, procurando de alguma forma te culpar por essa bagunça porque dói carregar toda essa amargura sozinha. Fracassei com a gente e comigo por permitir que as coisas fossem tão longe sabendo que o destino disso tudo seria lugar nenhum.

Pensando viver mais uma aventura qualquer, embarquei nessa loucura levando nada na bagagem, apenas nos deixando ao acaso.

E tínhamos tudo para dar certo.
Éramos o retrato perfeito de “os opostos se atraem”, embora você insistisse na ideia de que não éramos tão distintos.
Éramos.

O vento até estava a nosso favor, mas meu barquinho é do contra. A maré me castigou, o destino me traiu e caí em desilusão. E do porto seguro, você ficou me assistindo naufragar, afundando mais e mais. Fechando os olhos para todos meus sinais de ajuda. Vedando os ouvidos de qualquer grito por socorro meu.

É a vida que de repente ficou tão exigente... Nessa brincadeira de gostar, os meus sentimentos ficaram sérios. Você preferiu permanecer imaturo. Queria brincar mais. Nossas escolhas nos levaram a trilhar caminhos diferentes, mas juro que, se você tentasse um pouco mais, a gente podia contornar a situação.

Podíamos.
Era tudo questão de empatia, entender um pouco mais o lado do outro. Ceder para a flexibilidade fazer valer-se. Entretanto um relacionamento não é apenas sobre um e sim sobre dois. As dores foram sobrecarregando um de nós e o individualismo encontrou o que precisava para acabar com tudo num piscar de olhos.

Desta vez não caí de um precipício.
Naufraguei.